Lilypie Angel and Memorial tickers

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terça-feira, 2 de agosto de 2011

O poder que o tempo tem.

Dizem que o tempo cura todas as feridas...
Será?
Tenho percebido que a percepção do 'passar dos dias' tem mudado muito em cada fase da minha vida, especialmente falando desde o dia em que eu descobri que estava gravida da Aninha...
Quando eu soube da minha gravidez, eu estava de 6 semanas, parecia que os dias não passavam, eu contava cada dia, e os sete meses e meio que ainda vinham pela frente pareciam uma eternidade...
A ultrassom marcada para a 16ª semana parecia não chegar nunca, eu queria muito saber o sexo do meu bebe, pra poder começar logo a comprar...tudo rosa ou tudo azul??
E foi nessa ultrasson que eu tanto esperei, que eu soube que meu bebe tinha anencefalia...na primeira ultrasson nem foi me dito o sexo, e eu, perdida, nem tive como perguntar.
Soube que era uma menina no dia seguinte, na segunda ultrasson, que foi pedida pela minha medica para confirmar o diagnóstico.
Foi o dia mais difícil da minha vida, o pior dia.
Pensei que não suportaria levar adiante, e nos primeiros dias após a descoberta não vi os dias passar...
Mas a decisão estava tomada, eu iria seguir em frente, mas havia ainda outra decisão...
Seguir em frente chorando e se lamentando... ou seguir em frente feliz, e passando pra minha filha os melhores sentimentos que eu podia ter dentro de mim...
E eu escolhi a segunda opção...pensava sempre nela, e não no seu problema, e assim fui muito feliz, não via a hora de aparecer o barrigão, comprei muitas roupinhas, fraldas, sapatinhos, tudo que a minha menina tinha direito!!
E os dias ainda demoravam passar...
Quando eu estava com quase 8 meses, tinha consultas mais frequentes, e em cada consulta, médicos fazendo questão de me lembrar que minha menina não viveria, e eu comecei a desejar que o tempo parasse.
Eu sabia que depois que ela nascesse nada seria certo, ninguém sabia dizer quanto tempo ela viveria.
Cada dia que passava era menos 1 dia pra ter ela aqui, literalmente saltitante dentro de mim.
E esses últimos dias foram angustiantes, num tempo em que a maioria das mães não vê a hora de ver o rostinho do seu bebe, eu preferia não vê-la, a ter a incerteza de quanto tempo ela viveria.
Se eu pudesse deixaria ela pra sempre viva aqui dentro de mim.
Mas eu sabia que teria que enfrentar, uma hora iria acontecer, e o pior, não estava em minhas mãos o poder de mudar essa situação.
Nos últimos dias 24 horas pareciam que não eram suficientes pra mim.
8 meses :)

No dia em que ela nasceu novamente eu perdi a noção do tempo, o tempo não importava pra mim, minha filha já não estava mais aqui...
E os dias seguintes eram torturantes, a falta que ela me fazia, o vazio que deixou, vazio em meu ventre, vazio em meus bracos, a dor muito recente, tudo como não era pra ser...
Nas primeiras semanas eu falava muito pouco nela, doía demais falar, apesar dos pensamentos estarem com ela em todos os momentos.
E então hoje, 4 meses se passaram, e eu notei que os dias estão começando a passar novamente, percebi que esta ficando mais fácil falar sobre ela, falar seu nome, e sei que essa sensação não vem de graça, eu tenho me esforçado muito para ficar bem, tento ser feliz por ela, sei que minha filha gostaria de me ver bem.
Por nenhum instante eu esqueci dela, minha princesa está sempre em meu coração.
A vida me impôs essa situação, só me restou enfrentar, a solução não estava em minha mãos, mas a maneira que eu conduziria essa situação, isso sim dependia de mim, e a cada dia que eu penso nela, sinto no meu coração a doçura da sua existência, minha mais doce lembrança, minha princesa.
Hoje quando olho pra trás, parece tudo tão perto e tão longe ao mesmo tempo, parece que tudo passou rápido e devagar ao mesmo tempo...
Talvez um dia esse tempo me faça entender o porque, mas esquecer, jamais, minha filha estará sempre aqui, estamos ligadas pelo amor eterno.

Um comentário:

  1. Janara, tenha forças é assim mesmo, o tempo fica confuso pra nós, mães de anjos, porque a dor que sentimos é inexplicável, vai no fundo da alma. A vida segue, mesmo que a passos lentos devemos seguir porque é por eles que estamos aqui, vivendo, lutando. Lembre-se sim da sua filha com amor, assim como você está fazendo. O meu filho se foi há quase 7 meses e as coisas estacionaram, mas estou lutando pra seguir, pra vencer as barreiras e no final vamos vencer e temos a certeza de que nossos filhos estão ao lado de Deus. Um imenso e forte abraço, que você supere e siga em frente. Fique me paz...

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